quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.

Contexto Histórico

Com o incremento da industrialização e do comércio , notadamente a partir da Revolução Industrial do século XVIII , a burguesia , na Europa , vai ocupando e ideológico maior . As idéias do emergente Liberalismo incentivam a busca da realização individual , por parte do cidadão comum . Nas últimas décadas do século , esse processo levou ao surgimento , na Inglaterra e na Alemanha , de autores que caminhavam num sentido contrário ao da racionalidade clássica e da valorização do campo , conforme normas da arte vigente até então . Esses autores tendiam a enfatizar o nacionalismo e identificavam-se com a sentimentalidade popular . Essas idéias foram o germe do que se denominou ROMANTISMO .
Tais atitudes e outras conseqüentes delas foram se consolidando e, ao chegarem à França , receberam um vigoroso impulso graças à Revolução Francesa de 1789 . Afinal , essas tendências literárias individualistas identificavam-se amplamente com os princípios revolucionários franceses de derrubada do Absolutismo e ascensão da burguesia ao poder , através de uma aliança com camadas populares . A partir daí , o ideário romântico espalhou-se por todo o mundo ocidental , levando consigo o caráter de agitação e transgressão que acompanhava os ideais revolucionários franceses que atemorizavam as aristocracias européias . A desilusão com esses ideais lançaria muitos românticos em uma situação de marginalidade em relação à própria burguesia . Mesmo assim , devemos associar a ascensão burguesa à ascensão do Romantismo na Europa .
Em Portugal , os ideais desse novo estilo encontram , a exemplo do que ocorrera na França , um ambiente adequado ao seu teor revolucionário . Opunham-se naquele país duas forças políticas : os monarquistas , que pretendiam a manutenção do regime vigente , depois da expulsão das tropas napoleônicas que tinham invadido o país em 1806 , e os liberais , que pretendiam sepultar de vez a Monarquia . A Revolução Constitucionalista do Porto ( 1820 ) representou um marco na luta liberal , mas os monarquistas conseguiram manter o poder durante todo o período , marcando com perseguições as biografias de muitos escritores daquele país , quase sempre adeptos do Liberalismo .
No Brasil , o Romantismo encontrou um processo revolucionário em curso : a Independência de 1822 lançou ao país um novo desafio - afirmar-se como nação . Isto queria dizer construir uma identidade própria . Esta foi a principal tarefa dos nossos românticos .

Características

O romantismo seria dividido em 3 gerações:
  • 1ºgeração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
  • 2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
  • 3ºgeração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica (vide Eça de Queiróz), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.

Autores

O Romantismo foi o estilo literário que perdurou no Brasil desde 1836 até 1881 (ano da publicação de O Mulato e Memórias Póstumas de Brás Cubas). O primeiro poeta romântico brasileiro foi Gonçalves de Magalhães, que publicou Suspiros Poéticos e Saudades em 1836. Era marcado por grande subjetividade, idealização (da mulher e do amor) e sentimentalismo. Foi a primeira tentativa consciente de se produzir literatura verdadeiramente brasileira.

Gonçalves de Magalhães


Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882) nasceu em Niterói, RJ, e morreu em Roma. Formou-se em Medicina, trouxe e divulgou o Romantismo no Brasil após sua viagem à Europa. Fez poesia religiosa e indianista (estas o últimas o levaram a grande polêmica com José de Alencar). Não era um grande poeta e é considerado um poeta importante apenas pela introdução do Romantismo com seu livro Suspiros poéticos e saudades.

Castro Alves


Antônio Frederico de Castro Alves nasceu a 14 de março de 1847 na cidade que hoje leva seu nome e morreu tuberculoso a 6 de julho de 1871. Tinha 15 anos quando se matriculou no curso de Direito em Recife, onde iniciou sua carreira poética, escrevendo poesia lírica e social (a social sendo a que mais o consagrou) a favor da abolição da escravatura, sendo por isso chamado de Poeta dos Escravos. Sua poesia lírica era menos idealizada que a de seus contemporâneos românticos, apresentando uma mulher mais sensual menos idealizada. Entusiasmou-se pelo teatro e casou-se com uma atriz chamada Eugênia Câmara, dez anos mais velha, que o abandonou mais tarde. Tempos depois do casamento, atira contra o próprio pé em uma caçada e tem o membro amputado. As caçadas tiveram sua origem justamente como escapatória das constantes brigas que o casal tinha começado a ter quando se mudaram para São Paulo. Mas após este infeliz acidente ainda pôde andar, ainda que com o auxílio de uma bengala e um pé de borracha. Em 1870 publica Espumas Flutuantes na Bahia, sua única obra poética publicada em vida. O que segue é uma passagem de seu célebre Navio Negreiro, parte de sua obra publicada postumamente em Os Escravos.
"Eras um sono dantesco... O tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar,
Tinir de ferros... Estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite
Horrendos a dançar" Os Escravos

Visconde de Taunay


O Visconde Alfredo d'Escragnolle Taunay foi um militar e político, tendo escrito o romance de transição para o Naturalismo Inocência e a obra em francês Retirada de Laguna. Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras; quando aconteceu a proclamação da República tomou desgosto da política e retirou-se da vida pública.
"À medida que as suspeitas sobre as intenções do inocente Meyer iam tomando vulto exagerado, nascia ilimitada confiança naquele outro homem que lhe era também desconhecido e que a princípio lhe causara tanta prevenção quanto o segundo." Inocência.
"Inocência, coitadinha...
Exatamente neste dia fazia dois anos que o seu gentil corpo fora entregue à terra, no imenso sertão de Santana do Paranaíba para aí dormir o sono da eternidade." Inocência

Franklin Távora


João Franklin da Silveira Távora (1842-1888) nasceu no Ceará mas viveu em Pernambuco, onde se formou em Direito, e, a partir de 1874, viveu no Rio e Janeiro. Foi deputado estadual em Pernambuco e funcionário da Secretaria do Império no Rio. Foi além de contista e romancista um grande historiador, e como morreu pobre, o Instituo Histórico e Geográfico Brasileiro do qual fazia parte deu uma pensão a sua viúva e filho. Parte de sua obra de historiografia foi destruída no final de sua vida pelo próprio autor, que sentia-se abandonado e miserável. Franklin Távora criou a "literatura do Norte", como ele mesmo batizou no prefácio de O Cabeleira. Embora tenha atacado José de Alencar no começo da carreira, ele se arrependeu depois. Távora é um romântico pré-naturalista. mantendo poucas características do Romantismo mas não se desvencilhando totalmente deste. Entre as obras que fazem parte desta literatura do Norte destacam-se O Cabeleira e O Matuto.
"Pela sua organização, pelos seus predicados naturais, o Cabeleira não estava destinado a ser o que foi, nós o repetimos. Os maus conselhos e os péssimos exemplos que lhe foram dados pelos desnaturado pai converteram seu coração, acessível em começo, ao bem e ao amor, em um músculo bastardo que só pulsava por fim a paixões condenadas." O Cabeleira
"Morro arrependido de meus erros. Quando caí nos braços da justiça, meu braço era já incapaz de matar, porque eu já tinha entrado no caminho do bem." O Cabeleira

Joaquim Manuel de Macedo


Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) nasceu no RJ e formou-se médico. Fundou a revista GuanabaraGonçalves Dias, foi redator de revista, secretário, orador do Instituto Histórico, político e professor. Amigo do imperador, tornou-se preceptor dos filhos da princesa Isabel. Um dos primeiros românticos, provavelmente o mais puramente romântico de todos na prosa, produziu diversos livros entre os quais os mais célebres são A Moreninha (que escreveu ainda muito jovem, com apenas 20, 21 anos de idade e lhe deu fama imediata), O Moço Loiro e A Luneta Mágica. com
"No dia 20 de julho de 18... Na sala parlamentar da casa nº... Da rua de..., sendo testemunhas os estudantes Fabrício e Leopoldo, acordaram Felipe e Augusto, também estudantes, que, se até o dia de 20 de agosto do corrente ano, o segundo acordante tiver amado a uma só mulher durante quinze dias ou mais, será obrigado a escrever um romance em que tal acontecimento confesse; e, no caso contrário, igual pena sofrerá o primeiro acordante. Sala parlamentar, 20 de julho de 18... Salva a redação." A Moreninha
"Achei minha mulher!... Bradava Augusto; encontrei minha mulher!... Encontrei minha mulher!..." A Moreninha

Artes

A pintura foi o ramo das artes plásticas mais significativo, foi ela o veículo que consolidaria definitivamente o ideal de uma época, utilizando-se de temas dramitico-sentimentais inspirados pela literatura e pela História. Procura-se no conteúdo, mais do que os valores de arte, os efeitos emotivos, destacando principalmente a pintura histórica e em menos grau a pintura sagrada.
Novamente a revolução Francesa e seus desdobramentos servem de inspiração; agora para uma arte dramática como pode ser percebida em Delacroix e Goya. Podemos dizer que este último, manifestou uma tendência mais politizada do romântismo, exceção para a época e que tornou-se valorizada no século XX.
As cores se libertaram e fortaleceram, dando a impressão, às vezes, de serem mais importantes que o próprio conteúdo da obra. A paisagem passou a desempenhar o papel principal, não mais como cenário da composição, mas em estreita relação com os personagens das obras e como seu meio de expressão.
O romantismo foi marcado pelo amor a natureza livre e autêntica, pela aquisição de uma sensibilidade poética pela paisagem, valorizada pela profusão de cores, refletindo assim o estado de espírito do autor.

Lembrança de Mortefontaine

Camille Corot: Lembrança de Mortefontaine, c. 1864. Louvre

Os fuzilamentos de 3 de Maio de 1808

O quadro plasma a repressão do acontecimento que se conhece como o levantamento de 2 de Maio, ocorrido em 1808, após Napoleão invadir a Espanha e a casa real seguir as suas ordens. A revolta estoura a 2 de Maio de 1808, quando uma parte do povo de Madrid tenta evitar a saída, ordenada pelos franceses, do infante D. Francisco de Paula de Bourbon para a França. A situação escalou e as tropas francesas atiraram contra os madrilenos sublevados.
Este quadro, pintado por Francisco de Goya em 1814, chama-se "El Tres de Mayo" e refere-se ao 3 de Maio de 1808.

A família de Carlos IV

A família de Carlos IV (em castelhano La família de Carlos IV) é um retrato em óleo sobre lenzo do monarca espanhol e da sua família pintado por Goya em 1800 , durante uma estadia da família real no Palácio Real de Aranxuez. A realização da obra enquadra-se dentro do período no que Goya foi primeiro pintor de câmara do rei, cargo que lhe foi outorgado em 1799 (em 1789 fora nomeado pintor de câmara pelo próprio monarca) . Atualmente conserva no Museu do Prado de Madrid . 

A balsa da Medusa

A Balsa da Medusa (em francês: Le Radeau de la Méduse) é uma pintura a óleo de 1818–1819 pelo pintor da época do romantismo e litógrafo Théodore Géricault (1791–1824). Está exposta no Museu do Louvre, Paris.